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Da Reportagem
Há cerca de 20 dias, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a ‘reforma’ na Câmara de Cuiabá tenta notificar a empresa Alos Construtora Ltda., responsável pela obra, mas não consegue localizar nenhum funcionário da empreiteira. A informação é do presidente da CPI, vereador Edivá Alves (PSD), que disse já ter solicitado a seus assessores que “montassem guarda” em frente à residência.
O responsável técnico da empresa, arquiteto Alexandre Lopes Simplício, deveria ser ouvido esta semana pela CPI, mas, segundo Edivá, o profissional poderá ser acionado judicialmente caso não seja encontrado. O presidente da comissão também desmentiu o vereador Deucimar Silva (PP), presidente da Casa na época da reforma, e garantiu que a licitação da obra foi realizada pelo Legislativo e não pela prefeitura de Cuiabá.
“Já fui lá, colocamos plantão. Tem 20 dias que estamos lá dando plantão e só apareceu um menino para dar comida para o cachorro”, ironizou Edivá, ao ser questionado sobre o fato de a empresa ser de fachada, conforme suspeita levantada durante julgamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O Diário, em dezembro do ano passado, também foi até a sede da construtora e constatou que o local é apenas uma residência, e nem possui secretária.
De acordo com Edivá, o termo de cooperação assinado entre a Câmara e a Secretaria Municipal de Habitação foi apenas para a cessão do engenheiro, Carlos Anselmo de Oliveira, responsável por acompanhar o andamento da reforma.
O profissional foi quem assinou as notas solicitando o pagamento e deverá responder a processo ético no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mato Grosso (Crea/MT). Carlos Anselmo será ouvido hoje às 9h na Câmara de Cuiabá.
“Quem licitou foi a Câmara. A prefeitura apenas emprestou o engenheiro porque a Câmara não tem esse profissional. Quem contratou, assinou e homologou foi a Câmara, só veio de lá para cá um engenheiro”, explicou Edivá.
Sobre a possível ida de Deucimar para a Assembleia Legislativa, o presidente da CPI alegou que, mesmo com a saída do progressista, os trabalhos não param e, apesar de o colega ganhar foro privilegiado, não terá poder para encerrar a comissão.
“Independentemente disso, a CPI não para. Ela não apura Deucimar, ela apura o fato. Ele pode ter foro privilegiado, mas não para encerrar a CPI”.
Edivá já adiantou que deverá conduzir as oitivas para tentar descobrir quem foi o beneficiado com o superfaturamento e com quem está o dinheiro. O depoimento do engenheiro pode ser peça-chave para o andamento das investigações, pois até o momento tem sido um dos únicos responsabilizados pelos fatos, mas, caso revele ter agido a mando de alguém, o caso poderá ter uma reviravolta. Pelo menos é o que garante o presidente da CPI, que não descarta a possibilidade de convocar outros envolvidos. “Caso o engenheiro encaminhado pelo João Emanuel [secretário de Habitação] isente o Deucimar e jogue a responsabilidade para o secretário, daí ele poderá ser chamado”.
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