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domingo, 22 de janeiro de 2012

Site mais acessado em Cuiabá e Várzea Grande MT:O homem que vive para ajudar

ALECY ALVES
Da Reportagem

Luis Carlos Nascimento, de 44 anos, é um cidadão cuiabano que sabe pouco do ensino formal, escreve apenas o nome, mas tem muito para ensinar sobre a vida, especialmente solidariedade, amor ao próximo, fé e desapego aos bens materiais.

Depois de se recuperar de traumas físicos decorrentes de um acidente de trânsito no qual chegou a receber o diagnóstico de que poderia não voltar a andar, mais a sua luta permanente contra o diabetes e uma deficiência neurológica, Luis Carlos pode ser considerado um exemplo de força e superação.

Ele vive com 11 parafusos cravados no osso da bacia e dois nos pés, um de cada lado, o que lhe trouxe limitação na velocidade dos movimentos das pernas, mas trabalha em prol das pessoas carentes, da religião na qual apreendeu a amar e respeitar a Deus e todos os seres vivos.

A agenda de Luis Carlos está cheia o ano inteiro. No momento ele está de férias, mas na semana que vem começa a trabalhar, como voluntário, na Cruz Vermelha, onde é uma espécie de “faz-tudo”. Recebe visitantes, ajuda a descarregar ou carregar os carros com doações e leva doações para os carentes.

Nas festas religiosas mais tradicionais de Cuiabá, entre as quais São Benedito, Divino Espírito Santo e Santa Rita, lá está o Luiz Carlos, mais uma vez disponível para servir ao próximo. Ele diz que tem tanto tempo trabalhando nos festejos que nem saber contabilizar, mas pode dizer com certeza que passa de 25 anos.

Se pudesse, diz, passaria esse período de descanso na Cruz Vermelha mato-grossense ajudando as famílias das vítimas de enchentes dos estados de Minas e Rio de Janeiro.

No “Vinde e Vede”, o maior evento religioso que acontece durante o Carnaval em Mato Grosso, promovido pela igreja Católica, Luis Carlos atua desde a primeira edição, ocorrida há 26 anos, como “anjo da guarda”. Ele, assim como dezenas de outros voluntários, fazem, como o nome diz, a guarda dos fiéis para garantir o acesso seguro ao local e que não sejam importunados ou sofram algum ato de violência.

Há cinco anos, Luis também participa da tradicional Corrida de Reis, feito que já lhe rendeu cinco medalhas, um resultado que significa que concluiu o percurso de 10 quilômetros dentro do tempo regulamentar de duas horas estabelecido pelos organizadores do evento como condição básica para a entrega da condecoração. Há um ano, incentivado pelos amigos, também começou a jogar futebol no mini-estádio do CPA I.

Por causa do acidente, ele ficou apenas quatro meses sem andar. “Apenas” por causa do diagnóstico, que previa seis meses acamado e seqüelas graves que o impediriam de caminhar sem o auxilio de pessoas ou instrumentos mecânicos. Devoto de São Benedito, ele acredita que voltou a andar pelo tratamento recebido dos médicos e, especialmente, pela interseção do santo junto a Deus.

Na casa onde mora, no bairro CPA I, Luis Carlos também é o “anjo da guarda” da irmã, a auxiliar de enfermagem aposentada Lenira Rosária do Nascimento. Segundo ela, o irmão é tudo ao mesmo tempo, irmão, companheiro, amigo e uma diversão. Para Luis Carlos, dinheiro não é tudo da vida, como muitos pensam. Com um salário mínimo, o que seria irrisório para muitos, ele diz que vive bem.

“Quando morremos apenas o espírito sobe, e o corpo fica na terra e acaba”, diz, observando que as pessoas deveriam ter consciência sobre a necessidade de vivermos bem e em paz uns com os outros. 

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=405603

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