O morador dessa casa no meio do caminho pode ter uma surpresa desagradável na próxima segunda-feira, dia 12 de março, caso seja cumprida uma ordem de serviço, assinada na última terça-feira, pelo secretário Extraordinário da Copa do Mundo, Éder Moraes.
É que neste dia está previsto o início de uma obra – chamada de desbloqueio – que faz parte do pacote de preparativos para a Copa do Mundo de 2014.. Ou seja, uma ponte de concreto armado, orçada em R$ 3,9 milhões, cuja execução estará a cargo da empresa Comércio e Indústria Brasileira de Estruturas Pré-Moldadas.
Morando nesta casa - que está no meio do caminho - junto com a mulher e um filho, Cristiano Acosta dos Santos, servente de pedreiro desempregado ( ”estou correndo atrás!”) , já não sabe o que fazer. “Há pouco tempo, umas pessoas estiveram aqui, fazendo umas medições. Perguntamos a eles por que estavam medindo e nos disseram para ir à Secopa. Fomos e levamos Xerox da escritura e do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) pago, mas não recebemos nenhum comunicado sobre o que iria acontecer aqui”, disse Cristiano, admirado pelo fato de ter recebido a visita do Circuito Mato Grosso.
“O que estou sabendo é de conversa na rua. Sei que serei despejado, mesmo não acreditando que essa ponte seja construída”. Comunicado ou não, Cristiano reclama que “esta Copa está tirando o sossego de todo mundo”. A exemplo dos moradores do Jardim Nova Canaã (que apesar de não serem afetados pelas obras da Copa, foram à Secopa reclamar uma indenização, porque não foram atendidos pela Casa Civil – veja Box), Cristiano afirma querer uma compensação para sair da casa, que, na verdade, nem é sua – é de um professor que a deu para ele tomar conta. “Para eu sair daqui, vão ter que me dar uma outra casa para eu morar”.
Já seu pai, Valdemar Francisco dos Santos, que também mora na Rua Dos Eucaliptos há mais de 20 anos, no trecho sem asfalto, e que também terá que ser demolida para a construção da ponte, disse que a ideia da obra é antiga – vem desde os anos de 1990. A exemplo do filho, ele também está em dúvida se esta ponte sai ou não sai. “Sei não, rapaz. A coisa está tão bagunçada, que a gente não tem mais certeza de nada”.
Coxipó- Estrada do moinho – Caso não seja cumprido o vaticínio de Cristiano, a nova ponte será uma opção de deslocamento para os moradores da região do Coxipó da Ponte (que abrange bairros como o próprio Jardim das Palmeiras, Parque Ohara, Chácara dos Pinheiros, Jardins Apoena e Bela Napolli, entre outros), enquanto as obras na avenida Fernando Correa da Costa estiverem em execução.
Ela ligará a Rua dos Eucaliptos à Avenida Arquimedes Pereira Lima e faz parte das obras de desbloqueio, que terão a função de serem rotas alternativas de tráfegos às obras de mobilidade urbana. Terá uma extensão de 130 metros e deverá ser concluída dentro de 180 dias. Só não se sabe ainda o início da data de contagem regressiva.
O medo do despejo
Toda a angústia sentida nos últimos dias pela família de Cristiano e de seu pai Valdemar, que vive sob o receio de ser despejada, não é única na Capital. Assim como a dele, outras de 266 famílias, que residem no assentamento Jardim Nova Canaã, próximo ao Parque ao Cuiabá, dormem e acordam com o medo de também perderem suas casas.
Mesmo não estando relacionada às desapropriações com vistas ao Mundial de 2014, a situação dos moradores do Jardim Nova Canãa preocupa as autoridades e tem gerado uma série de protestos - o mais recente foi na última terça (6), na sede da Secopa.
As famílias que residem no assentamento sabem que o problema deles nada tem a ver com as chamadas obras da Copa do Mundo.
Ainda assim, decidiram realizar a manifestação na sede da Secopa, na tentativa de serem ouvidas, tendo em vista que algumas conversas e reuniões com o secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda, não resultaram em nada.
A ideia, ao que tudo indica, parece ter dado certo. Em meio ao protesto da última terça, o secretário Eder Moraes resolveu intermediar as negociações entre os moradores e o Governo do Estado.
Uma comissão que representa as famílias esteve reunida com Éder Moraes e com secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, e, em resposta ao protesto, tiveram a garantia de que - apesar de existir uma liminar para que as famílias deixem a área – elas não serão despejadas do local.
A afirmação foi feita pelo presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) e membro do Comitê de Conflitos Fundiários do órgão, Afonso Dalberto. Segundo ele, a situação das famílias que residem no assentamento será analisada do ponto de vista social. “Não se trata de uma desobediência judicial, pois existe, de fato, uma preocupação social com as famílias que estão no local”, afirmou Dalberto.
Da Redação – Jairo Pitolé Sant’ana / Camila Ribeiro
Fotos: Mary Juruna
É que neste dia está previsto o início de uma obra – chamada de desbloqueio – que faz parte do pacote de preparativos para a Copa do Mundo de 2014.. Ou seja, uma ponte de concreto armado, orçada em R$ 3,9 milhões, cuja execução estará a cargo da empresa Comércio e Indústria Brasileira de Estruturas Pré-Moldadas.
Morando nesta casa - que está no meio do caminho - junto com a mulher e um filho, Cristiano Acosta dos Santos, servente de pedreiro desempregado ( ”estou correndo atrás!”) , já não sabe o que fazer. “Há pouco tempo, umas pessoas estiveram aqui, fazendo umas medições. Perguntamos a eles por que estavam medindo e nos disseram para ir à Secopa. Fomos e levamos Xerox da escritura e do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) pago, mas não recebemos nenhum comunicado sobre o que iria acontecer aqui”, disse Cristiano, admirado pelo fato de ter recebido a visita do Circuito Mato Grosso.
“O que estou sabendo é de conversa na rua. Sei que serei despejado, mesmo não acreditando que essa ponte seja construída”. Comunicado ou não, Cristiano reclama que “esta Copa está tirando o sossego de todo mundo”. A exemplo dos moradores do Jardim Nova Canaã (que apesar de não serem afetados pelas obras da Copa, foram à Secopa reclamar uma indenização, porque não foram atendidos pela Casa Civil – veja Box), Cristiano afirma querer uma compensação para sair da casa, que, na verdade, nem é sua – é de um professor que a deu para ele tomar conta. “Para eu sair daqui, vão ter que me dar uma outra casa para eu morar”.
Já seu pai, Valdemar Francisco dos Santos, que também mora na Rua Dos Eucaliptos há mais de 20 anos, no trecho sem asfalto, e que também terá que ser demolida para a construção da ponte, disse que a ideia da obra é antiga – vem desde os anos de 1990. A exemplo do filho, ele também está em dúvida se esta ponte sai ou não sai. “Sei não, rapaz. A coisa está tão bagunçada, que a gente não tem mais certeza de nada”.
Coxipó- Estrada do moinho – Caso não seja cumprido o vaticínio de Cristiano, a nova ponte será uma opção de deslocamento para os moradores da região do Coxipó da Ponte (que abrange bairros como o próprio Jardim das Palmeiras, Parque Ohara, Chácara dos Pinheiros, Jardins Apoena e Bela Napolli, entre outros), enquanto as obras na avenida Fernando Correa da Costa estiverem em execução.
Ela ligará a Rua dos Eucaliptos à Avenida Arquimedes Pereira Lima e faz parte das obras de desbloqueio, que terão a função de serem rotas alternativas de tráfegos às obras de mobilidade urbana. Terá uma extensão de 130 metros e deverá ser concluída dentro de 180 dias. Só não se sabe ainda o início da data de contagem regressiva.
O medo do despejo
Mesmo não estando relacionada às desapropriações com vistas ao Mundial de 2014, a situação dos moradores do Jardim Nova Canãa preocupa as autoridades e tem gerado uma série de protestos - o mais recente foi na última terça (6), na sede da Secopa.
As famílias que residem no assentamento sabem que o problema deles nada tem a ver com as chamadas obras da Copa do Mundo.
Ainda assim, decidiram realizar a manifestação na sede da Secopa, na tentativa de serem ouvidas, tendo em vista que algumas conversas e reuniões com o secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda, não resultaram em nada.
A ideia, ao que tudo indica, parece ter dado certo. Em meio ao protesto da última terça, o secretário Eder Moraes resolveu intermediar as negociações entre os moradores e o Governo do Estado.
Uma comissão que representa as famílias esteve reunida com Éder Moraes e com secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, e, em resposta ao protesto, tiveram a garantia de que - apesar de existir uma liminar para que as famílias deixem a área – elas não serão despejadas do local.
A afirmação foi feita pelo presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) e membro do Comitê de Conflitos Fundiários do órgão, Afonso Dalberto. Segundo ele, a situação das famílias que residem no assentamento será analisada do ponto de vista social. “Não se trata de uma desobediência judicial, pois existe, de fato, uma preocupação social com as famílias que estão no local”, afirmou Dalberto.
Da Redação – Jairo Pitolé Sant’ana / Camila Ribeiro
Fotos: Mary Juruna
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