Devido à ausência, parlamentares afirmam que recorrerão à Justiça para que o empresário Alexandre Simplício preste esclarecimentos sobre as obras
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Da Reportagem dc
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o superfaturamento na reforma do prédio da Câmara de Cuiabá já possui indícios suficientes para solicitar o indiciamento do empresário e arquiteto Alexandre Lopes Simplício, dono e responsável técnico da Alos Construtora Ltda., empreiteira da obra. Ele faltou mais uma vez à oitiva da CPI marcada para tarde de ontem e teve o pedido de adiamento indeferido. Agora, poderá ser procurado pela Justiça, caso os parlamentares recorram a ela para exigir que Alexandre preste esclarecimento sobre onde foi o montante de R$ 3,8 milhões depositado na conta da empresa.
O depoimento do arquiteto é considerado peça-chave para a investigação do superfaturamento de R$ 1,1 milhão na reforma da Câmara, principalmente porque, até o momento, a CPI ainda não identificou com quem está o dinheiro. Em tese, o recurso foi pago à empresa, mas já existem suspeitas de que a empreiteira seja apenas uma empresa de fachada, já que naquele endereço existe uma residência que fica fechada, onde nem mesmo o proprietário foi localizado.
O advogado do empresário, Marcos Jobim, enviou um pedido de adiamento minutos antes de iniciar a oitiva, alegando estar impedido de comparecer no horário determinado. No entanto, de acordo com o presidente da CPI, vereador Edivá Alves (PSD), a data e hora foram definidas pelo próprio advogado na semana passada, quando procurou os parlamentares membros da Comissão com uma procuração do arquiteto para que o defendesse no processo. Ele chegou a solicitar cópias dos documentos para preparar a defesa.
Esta já é a segunda vez que o empresário não comparece à oitiva da CPI. Na primeira, a comissão não conseguiu localizá-lo para entregar a convocação. Edivá chegou a revelar que “montou guarda” em frente à casa onde, em tese, funcionaria a empresa, mas ninguém compareceu ao local. “Por uma questão de tempo a CPI indeferiu o pedido de adiamento, já que a comissão possui prazos e não podemos atender às vontades de um envolvido que sequer comparece. É importante demais o depoimento de quem recebeu mais de R$ 3 milhões em conta, mas não podemos ficar à mercê de jogadas protelatórias de advogados. Temos prazo e a comissão já possui elementos para concluir o relatório”, afirmou Edivá durante a sessão.
O relator da CPI, vereador Misael Galvão (PR), ficou bastante irritado com a postura do arquiteto e adiantou que a comissão irá buscar todos os instrumentos legais junto ao Poder Judiciário para garantir que as prerrogativas da CPI sejam cumpridas. “Não iremos nos curvar diante de uma problemática dessa. Esse cidadão tem que dar explicação e não vamos nos acovardar para um empreiteiro que está brincando com coisa séria. Não pedi para entrar na CPI, fui escalado para dar uma resposta à sociedade e não vou permitir que um empresário nos faça de bobo”, afirmou o republicano.
Novas convocações – O presidente da CPI, Edivá Alves, também anunciou a convocação de mais três envolvidos que foram citados durante o depoimento da servidora Izanete Gomes da Silva, que presidiu a Comissão de Licitação para contratação da empresa responsável pela reforma da Câmara.
As próximas oitivas foram marcadas para a tarde desta quinta-feira e serão ouvidos a ex-secretária de Gestão Financeira da Câmara, Circe da Guia Medeiros Couto, um funcionário da prefeitura identificado como ‘Validus’, que teria redigido a ata da licitação, e ‘Sinayra’, na época coordenadora de licitação da Câmara.
Sinayra foi citada como a responsável por elaborar o edital e as planilhas. Porém, de acordo com Edivá, ela não foi encontrada na Câmara e o advogado dela informou que a assessora não poderia comparecer devido a uma gravidez de risco.
O presidente da CPI informou que irá solicitar um atestado médico ou então que ela dê uma procuração ao advogado para esclarecer os fatos.

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