Pré-candidato a prefeito pelo PMDB, Dorileo Leal solta o verbo e fala sobre os rumos da Capital
João Vieira
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O jornalista e empresário Dorileo Leal, que vai disputar a Prefeitura de Cuiabá
RAMON MONTEAGUDO E CARLOS MARTINS
DA REDAÇÃO MIDIA NEWS
O jornalista e empresário João Dorileo Leal quer mesmo ser prefeito de Cuiabá. Dono do Grupo Gazeta de Comunicação, um dos maiores de Mato Grosso, ele ainda é obrigado a reafirmar esse propósito, sobretudo a amigos próximos. Isso porque, em outras eleições na Capital, seu nome fora “ventilado” – mas, na hora “H”, Dorileo decidia não entrar no pleito.DA REDAÇÃO MIDIA NEWS
“Agora é diferente”, garante o empresário, que se filiou ao PMDB com “pompa e circunstância”. Ninguém menos que o vice-presidente da República, Michel Temer, veio abonar sua ficha de filiação. Mais: o governador Silval Barbosa, um dos idealizadores do projeto de Dorileo, trabalha pessoalmente na articulação política para reeditar o arco de alianças que o apoiou na reeleição.
“Eu não brinco com coisa séria. Eu decidi me filiar e, desde então, tenho trabalhado seriamente, todos os dias para viabilizar minha candidatura e construir um projeto para Cuiabá”, afirmou, em entrevista exclusiva ao MidiaNews, concedida na manhã da última sexta-feira (16).
Com o olhar revelador, de quem sonha em assumir a cadeira principal do Palácio Alencastro, Dorileo não parece interessado em fazer jogos políticos ou concessões. Principalmente quando o assunto é colocar o "dedo na ferida" e diagnosticar a situação da Capital.
“Cuiabá está sendo muito mal amada e sacaneada. A dupla Wilson Santos e Chico Galindo foi uma das piores coisas que Cuiabá já experimentou em sua História. Está tudo sucateado, abandonado. Não tem saúde, não tem esgoto, não tem água. Não há gestão; tudo é improvisado. Nossa Capital precisa de um prefeito “pé-de-boi”, que goste da cidade e que tem vontade de resolver os problemas, sem nenhum interesse eleitoreiro ou pessoal”, afirmou.
Foi nesse clima de jogo aberto que Dorileo falou sobre a concessão da Sanecap, criticou duramente o caos em Cuiabá - apontando soluções - e falou sobre os bastidores de seu projeto político.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:
MidiaNews - Em algumas ocasiões, em eleições passadas, o senhor teve o nome citado em projetos de candidaturas para prefeito de Cuiabá, fato que acabou não se concretizando. O senhor quer mesmo ser candidato? Agora é diferente?
João Dorileo Leal - No passado, tive várias vezes meu nome citado como pretenso candidato. Mas eu nunca tinha me filiado e militado em um partido e admitido que quisesse ser candidato. Como eu sempre revelei a meus amigos, a minha vontade sempre foi a de servir a minha cidade em um determinado momento da minha vida. As pessoas diziam: ‘ah, o Dorileo sempre anuncia que vai disputar e depois cai fora’. Isso não é verdade. Mas, agora, é diferente. Eu decidi me filiar a um partido político. Eu disse, desde aquele momento em que me filiei ao PMDB, que eu estava entrando para participar da discussão de um projeto para Cuiabá. E é isso que eu tenho feito internamente no PMDB, junto com as forças aliadas que elegeram o governador Silval Barbosa. O meu nome está à disposição do partido. Se entenderem que eu agrego, e que tenho condições de defender esse projeto, estou pronto, estou preparado. E tenho trabalhado para isso, para viabilizar meu nome. Estou trabalhando todos os dias para ser o candidato oficializado nas convenções do partido.
MidiaNews – Pelo que se comenta nos bastidores, essa decisão dependeria, sobretudo, da sua vontade.
Dorileo – Eu não brinco com coisa séria. Tenho o apoio do governador Silval Barbosa e do presidente Carlos Bezerra. Mas tenho feito a minha parte. Tenho dialogado e participado de todas as reuniões do partido e de muitas reuniões nos bairros e na periferia de Cuiabá. Tenho sido convidado para muitos eventos. E eu não estaria me dispondo a fazer essa discussão se eu não tivesse a decisão de colocar o meu nome. Meu nome está colocado e, se for referendado, vou disputar sim.
MidiaNews – Em relação à articulação política, neste momento, o senhor poderia dizer que conta com o apoio de quais partidos?
Dorileo – Apoio declarado e oficial ainda não tem, até porque é muito cedo. Mas eu estou trabalhando com a convicção de que a base de apoio que elegeu o governador Silval Barbosa será reeditada. Tenho um ótimo relacionamento com o deputado José Riva, que é a maior liderança do PSD, com o vice-governador Chico Daltro, que foi meu colega no Colégio São Gonçalo, e com o deputado Eliene Lima. Tenho conversado muito com eles. Temos o deputado Walter Rabelo e o vereador Toninho de Souza, que são do PSD. Enfim, temos um ambiente muito favorável para fazer essa discussão. Então, acho que vamos estar juntos. No PR, eu tenho quase a certeza de que o deputado Sérgio Ricardo estará conosco. Sou amigo do Sérgio desde o início da carreira dele. Trabalhamos juntos no Jornal O Dia e temos uma história profissional. Eu acho que o PR não terá candidatura própria e pode marchar conosco, exatamente por fazer parte da base do governo Silval. O PT está defendendo, e é legítimo que defenda, uma candidatura própria, que seria do vereador Lúdio Cabral, embora o PT esteja ocupando, talvez, uma das mais importantes secretarias do Estado, a de Educação. Essa é uma conversa para o futuro, mas tenho confiança que, lá na frente, o PT também possa marchar conosco em função das conversações que o Silval possa fazer.
MidiaNews - E quais outros partidos?
Dorileo – Tenho muito bom relacionamento com outras siglas importantes, até porque ao longo da minha vida profissional eu sempre me relacionei com todos. Eu tenho, por exemplo, um excelente relacionamento com o senador Jayme Campos, maior liderança do DEM. Com o professor e conselheiro Oscar Ribeiro. Com o deputado federal Júlio Campos e com o ex-prefeito Roberto França, que é meu colega de profissão, trabalhamos juntos durante muitos anos no rádio esportivo. Eu acho que, se o DEM não tiver um projeto próprio, temos tudo para estarmos juntos. Eu defendo que a gente procure juntar o máximo de forças porque Cuiabá, hoje, não deve estar dividida. Cuiabá precisa da junção de forças, para tirar a cidade do caos em que ela se encontra.
MidiaNews - O PMDB já marcou a data para bater o martelo e definir quem será o candidato?
Dorileo - Não tem, ainda, uma data definida. As conversas estão acontecendo. O governador Silval tem conversado com a base aliada. Não é definir só a questão de Cuiabá. Os aliados, quando procurados para falar sobre Cuiabá, querem falar sobre o resto do Estado. Isso é natural, cada um tem o seu interesse. Isso é colocado sempre numa mesa de conversação. Então o Silval, com habilidade e com o histórico que ele tem de entendimento com esses partidos, está liderando esse processo de diálogo. Mas, acredito que, até o final de abril, isto estará resolvido.
MidiaNews – Mudando um pouco de assunto, qual o diagnóstico o senhor faz sobre a situação de Cuiabá?
Dorileo – A situação é crítica, muito crítica. Infelizmente, Cuiabá, já há algum tempo, vive uma verdadeira agenda negativa. Um baixo astral. Parece que as pessoas até perderam a autoestima pela nossa cidade. É a buraqueira que se instala, a indústria do tapa-buraco que todo o ano tapa e destapa. É o mato, que na época da chuva invade a cidade. A periferia da cidade é uma vergonha. Se há insatisfação com o centro da cidade, onde a gente transita mais, a situação da periferia é vergonhosa. É desumano o que se faz com os bairros de Cuiabá e sua população. Na época da seca, a poeira invade as casas, na época da chuva, a lama invade as casas. A pessoa não tem autoestima. Não consegue cuidar dos próprios bens que tem em casa. Não bastasse isso, as pessoas não têm saneamento básico, não têm esgoto, não têm água, área de lazer, enfim, é um abandono total. Isso é horrível. Então é preciso ter uma ação muito forte de infraestrutura porque isso reflete em outros ganhos do município. Se você resolver o problema de água e esgoto, e o problema de infraestrutura, com pavimentação asfáltica, você vai economizar na saúde. Vai diminuir a questão da violência, porque tem bairro que até a polícia não consegue andar. Quando há um crime, o bandido foge a pé porque a viatura não consegue andar nos bairros. A saúde em Cuiabá requer urgência e emergência, todos nós sabemos os problemas que a população vive no dia-a-dia. Então acho que vai ser preciso muito trabalho, muita seriedade, muita honestidade com os recursos que a prefeitura tem para poder fazer do limão uma limonada e, aí sim, dar um novo rumo para Cuiabá. Mas, hoje, infelizmente, temos uma cidade muito mal amada e sacaneada.
MidiaNews - Pelo conjunto da obra, que nota o senhor daria para o prefeito Chico Galindo?
Dorileo – A mesma nota que a população tem dado. Ele é muito rejeitado; dou nota 2, ou 3, no máximo. Até porque ele não está fazendo nada para merecer mais do que isso. Analisando em perspectiva, a dupla Wilson Santos e Chico Galindo foi uma das piores que Cuiabá já experimentou em sua história. A população acreditou muito que Cuiabá pudesse avançar. Mas, infelizmente, o sentimento de Cuiabá é de que ela foi traída em sua confiança.
MidiaNews – Mas não há nada de positivo na gestão Galindo?
Dorileo - Eu acho que não. Tudo o que ele faz é sem planejamento e improvisado. O Galindo, aliás, não deveria nem estar na Prefeitura de Cuiabá. Aliás, acho que nem ele sonhou em chegar a ser prefeito da Capital. Ele foi deputado eleito sem uma expressiva votação e que acabou, por outros motivos, virando vice de Wilson Santos. Ele é a herança que Cuiabá teve de Wilson Santos. É só ouvir a opinião pública. E ele não assumiu a prefeitura ontem, como alguns tentam dar a entender. O Galindo está aí há dois anos. Assumiu em março de 2010. É preciso ressaltar isso, porque senão fica parecendo que ele assumiu ontem. Ele está há mais de dois anos aí e os problemas só pioraram, praticamente nada foi resolvido. Eu acho que ele vai carregar para o resto da vida, da sua história política dele, essa forma como ele vendeu o maior patrimônio que a prefeitura tinha, que é a Sanecap [Companhia de Saneamento da Capital].
MidiaNews – Por que o senhor afirma isso?
Dorileo - Quero deixar claro que eu não sou contra a concessão ou privatização. Eu acho que o modelo a ser escolhido tem que ser aquele que funcione e que atenda às necessidades da população. Agora, sou contra a forma como foi feita a venda da Sanecap. Às escuras, na calada da madrugada, às pressas, no atropelo de decisões judiciais. Enfim, um desespero, uma fixação para se vender o patrimônio público, e sempre com o discurso simplista de que privatizar vai ser bom. Ora, se é bom, vamos discutir com a sociedade, de forma clara e transparente... Vamos chamar os segmentos organizados e mostrar a realidade da empresa e dizer por que está se privatizando. Vamos fazer uma discussão pública de verdade. Mas não, tudo foi feito no atropelo. E digo mais: o que é feito às pressas e às escondidas sugere dúvidas de correção, de honestidade naquilo que está sendo feito. Então eu, particularmente, condeno a forma como foi conduzido o processo. Para se fazer a venda de uma empresa como a Sanecap, você tem que ter legitimidade.
MidiaNews - O senhor acha que não houve legitimidade na concessão?
Dorileo – Não. A administração Chico Galindo não foi referendada pelo povo para vender a Sanecap. Ele foi eleito como vice do senhor Wilson Santos, mas no programa de governo do Wilson, que foi aprovado pela sociedade nas urnas, não dizia que iriam vender – ou entregar - a Sanecap. Então, o Galindo não tem legitimidade para fazer essa concessão, já que ela não foi discutida com a população. A administração do Galindo não tinha legitimidade para vender esse patrimônio, que é dos cuiabanos, que é da cidade. Além do que, a cidade tinha disponível R$ 380 milhões do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal]. E vou dizer, agora como empresário: eu nunca vi ninguém desvalorizar um patrimônio para, depois, vende-lo. Pelo contrário, você valoriza, conserta, põe no rumo certo, mostra que é uma empresa rentável para poder vender. Aqui foi o contrário, fizeram campanhas para mostrar que a Sanecap era um caos, que a empresa estava falida. Ou seja, desvalorizaram o máximo para poder vendê-la. O Galindo poderia pegar os recursos do PAC, aplicá-lo na cidade, melhorar a questão de água e esgoto da cidade e valorizar a Sanecap. Depois disso, de forma transparente, poderia dizer para a sociedade: não é função do Poder Público tocar isso aqui, por isso vamos fazer uma concessão. Ia vender a empresa de forma correta e receberia muitos recursos para resolver outros problemas. Mas fizeram justamente o contrário, e de forma suspeita, numa concorrência misteriosa, porque uma empresa do porte da Sanecap, não ter concorrência, é difícil de entender. Eu acho que esse processo não foi muito bem investigado, principalmente pelo Ministério Público. A Câmara de Vereadores foi omissa e conivente com todo o processo. Então, o cidadão cuiabano ficou muito desamparado.
MidiaNews - O valor da venda foi baixo, na sua avaliação?
Dorileo - Baixíssimo. Quem adquiriu o direito de tocar a água e o esgoto vai nadar de braçada e ganhar muito dinheiro aqui em Cuiabá. E é uma coisa estranha. Fala-se que vendeu por R$ 500 milhões, mas vai entrar no cofre da prefeitura cento e poucos. Aí, a dívida de cento e dez, cento e vinte milhões com a Cemat está na conta da prefeitura, não está na conta do concessionário. Quer dizer, nós, cidadãos cuiabanos, é que vamos pagar essa conta, essa dívida que era da Sanecap.
MidiaNews - E quanto ao fato da venda da Sanecap ter despertado o interesse de um único comprador, a CAB Ambiental?
Dorileo – É outro fato estranho. Depois, não teve ágio. Um negócio muito estranho. Mas acho que o Chico Galindo está pagando esse preço, de ter conduzido a coisa desta forma. O resultado é o que estamos vendo: greve dos servidores da Sanecap e falta de água na cidade. Se ele tivesse conduzido o processo de forma transparente, chamando os sindicatos, os segmentos organizados, o Ministério Público, para ver, de modo transparente, como é que foi feito o negócio, hoje não estaria tendo essa reação negativa na cidade. O pior é que a população, mais uma vez, está pagando o preço pela incompetência alheia. Mas isso, absurdamente, já virou normal: quem paga o preço pelos desmandos, pelo abandono, são os cidadãos que moram aqui. Cuiabá não parece uma Capital que vai receber a Copa do Mundo daqui a dois anos. Corremos o risco de passar vergonha, quer seja pela péssima qualidade dos serviços apresentados, ou pela condição que se encontra nossa Capital como um todo. E, repito, isso tudo é reflexo das coisas que foram mal feitas.
MidiaNews – O senhor defende uma investigação mais criteriosa dos órgãos competentes sobre esse processo?
Dorileo – Sim, claro. Eu sei que o Ministério Público já está investigando, e precisa ir a fundo mesmo. A impressão que eu tenho é que, se fosse fazer uma discussão pública, não ia dar tempo de fazer a concessão na administração Chico Galindo. Então, eles fizeram tudo isso a toque de caixa, tudo envolto em muito mistério. Veja bem, o prefeito viaja e deixa para o presidente da Câmara assinar a concessão. Aí vem uma decisão judicial e todos saem desesperados para assinar o contrato antes da prefeitura ser notificada para dizer: ‘quando eu abri o envelope eu ainda não tinha sido notificado’. São coisas muito estranhas.
MidiaNews – O senhor disse que falta competência ao prefeito Galindo, mas a situação de Cuiabá não chegou a um ponto que, também, fica difícil de administrar?
Dorileo – Discordo. Toda missão, é óbvio, tem um grau de dificuldade. Mas acho que está faltando compromisso com Cuiabá. Está faltando seriedade, comprometimento, vontade de fazer. Porque, a maioria dos problemas que aí estão, são relativamente fáceis de resolverem. É por isso que eu afirmo: falta vontade e respeito com a sociedade. O mato está tomando conta de um lote? Vai lá, cuida, limpa e põe na conta do dono. Mas, infelizmente, as coisas não acontecem. Vou citar um exemplo, na área da saúde. O governo de Wilson Santos e Chico Galindo já dura quase sete anos e meio. Eles trocaram o secretário de Saúde nove ou dez vezes. Eu pergunto: como é que a saúde pode dar certo, se você troca de secretário todo o dia? Falta tratar as coisas com seriedade... Também acho que Cuiabá não precisa de projetos mirabolantes, tem que fazer o básico. Precisa fazer, primeiro, aquilo que a população precisa e quer do gestor público para, depois, você pensar em coisas maiores. O que Cuiabá precisa é de um prefeito “pé-de-boi”, que gosta da cidade e que vai com vontade resolver os problemas, sem nenhum interesse eleitoreiro ou pessoal. E digo que esse é o meu caso. Não sou empreiteiro, não sou agricultor, não tenho PCH’s [Pequenas Centrais Hidrelétricas], não tenho incentivo fiscal... Tenho empresa de Comunicação. Então, vou para um desafio desses com um único objetivo: dar minha parcela de contribuição para Cuiabá e provar, até para mim mesmo, que sou capaz de contribuir e melhorar a vida das pessoas.
MidiaNews – Recentemente o senhor disse que Cuiabá precisa de mais projetos técnicos e de um secretariado mais e eficiente.
Dorileo – Sim. É um equívoco a forma pela qual o prefeito Chico Galindo administra a cidade. Ele, estranhamente, só confia naqueles que foram funcionários dele na Unic (Universidade de Cuiabá), uma empresa particular. Eles foram levados para dentro da prefeitura, como se em Cuiabá não existissem pessoas competentes para contribuir com a administração. Eu acho que está na hora de mudar esse tipo de situação e dar uma renovada. De buscar pessoas destacadas e competentes na UFMT e em outras instituições. Têm pessoas que podem contribuir muito com a cidade, com idéias e projetos novos e exequíveis. É preciso ousar, experimentar. Isso é da administração. E não apenas lotear, como faz Chico Galindo, as secretarias para parentes, ex-funcionários da Unic, políticos e vereadores.
MidiaNews - Como o senhor avalia o atual secretariado?
Dorileo – É um secretariado ruim. Eu diria que o Galindo quer “vacas de presépio” ao seu redor. Por isso escolhe secretários que só dizem amém, que concordam com tudo. Isso não funciona nem na esfera pública, nem na privada. Você pode ser o comandante, mas tem que ter gente mais inteligente, que questiona, que discorda, que contestem. Acho que é forma correta e inteligente de administrar. Agora, o Chico Galindo usa a desconfiança para administrar. Ele só confia naquele grupo que ele trouxe da Unic, que é um grupo particular. Tanto é que centralizou tudo. Da Saúde, quem cuida atualmente é o sobrinho dele [Lamartine Godoy], que já foi secretário de Governo, de Infraestrutura, já foi tudo. Não sei se ele está lá por competência ou por ser da confiança do prefeito... Um prefeito, aliás, não precisa saber tudo, mas tem que saber comandar. Tem que saber escolher as pessoas certas e competentes para executar políticas públicas. Acho que isso é um equívoco que tem ocorrido. Até secretário importado de São Paulo ele trouxe – e não deu em nada.
MidiaNews - Uma vez eleito prefeito de Cuiabá, o senhor já definir por onde e como começar, já teria um plano emergencial?
Dorileo – Sim. Cuiabá precisa de dois planos bastante claros para ser implementados pela próxima administração. Um é o emergencial, para tirar a cidade do caos e dar o mínimo de dignidade aos serviços públicos oferecidos à população. E aí incluo a questão da saúde. A saúde precisa de um choque de gestão, de ações emergenciais que a tirem da UTI; do balão de oxigênio. O próximo gestor tem que se debruçar na questão da saúde e em outras emergenciais. Precisa implantar uma Reforma Administrativa criteriosa, que mensure o tamanho da máquina da Prefeitura e sua eficiência. Há excesso de servidores contratados? Quais os critérios nessas contratações? É preciso, também, tratar o dinheiro público com mais honestidade, com mais correção, aplicando melhor naquilo que realmente interessa. Enfim, dar uma sacudida geral, analisar, criteriosamente todas as áreas da administração, fazer um diagnóstico detalhado e agir energicamente. Deste modo, em seis meses, creio que já seja possível a população notar a diferença.
MidiaNews - E o plano seguinte?
Dorileo – Em seguida, vem um plano mais macro, mais estratégico. Cuiabá se aproxima dos seus 300 anos e merece um projeto que tenha essa dimensão. Nós temos que estudar e planejar Cuiabá com uma visão de futuro. É preciso perspectivas. Não dá para continuarmos a ver a cidade crescer de forma desorganizada, improvisada, desse jeito que está. Então, é preciso trazer para a administração pessoas competentes, experientes e que possam ajudar a pensar essa Cuiabá de 300 anos e ir dando, a partir de agora, passo a passo para tirar a cidade desse quadro triste dos últimos tempos. Acho que essa é, basicamente a grande missão para quem vai entrar: agir hoje, mas sem perder as perspectivas. E o PMDB já definiu que a Fundação Ulisses Guimarães irá se incumbir, também, de fazer um Programa de Governo completo, que será formatado com as forças aliadas nesse projeto e ouvindo a população.
MidiaNews - E o senhor acredita, caso eleito, que terá as condições para fazer isso?
Dorileo – Não tenho dúvidas. Principalmente porque não vejo para Cuiabá um projeto viável que não esteja alinhado com os governos Estadual e Federal. Temos muitos exemplos sobre a importância desse alinhamento. O ex-prefeito Wilson Santos, por exemplo, foi contra o ex-governador Blairo Maggi, e vice-versa. O Wilson priorizou seu projeto pessoal claramente, o de usar Cuiabá como ‘trampolim’ para tentar ser governador do Estado. Deu no que deu... É o PAC que empacou, a cidade foi abandonada porque o projeto prioritário não era o de governar Cuiabá. Só a conta ficou para o povo de Cuiabá pagar, tendo que suportar a herança chamada Chico Galindo.
MidiaNews - E o senhor garantirá esse alinhamento?
Dorileo – Sim. Venho contando com o apoio incondicional do governador Silval Barbosa, que tem feito, diretamente, a articulação política para que eu seja candidato. Tenho também o respaldo do Michel Temer, vice-presidente da República que veio abonar minha ficha de filiação. Aliás, recentemente eu recebi um telefonema do Temer, querendo informações de como estão os entendimentos para a campanha. Nesse telefonema ele reafirmou o apoio à candidatura do PMDB em Cuiabá. E disse da importância que é, para o partido, eleger prefeitos nas 12 cidades sede da Copa do Mundo em 2014. Na última segunda-feira, recebi um telefonema do presidente nacional do PMDB, o senador Valdir Raupp, se colocando à disposição para contribuir nos entendimentos políticos para as eleições. O PMDB também tem ministérios importantes, como o da Saúde, que pode ajudar muito a equacionar os problemas da cidade. E é claro, estarei permanentemente indo à Brasília, com esse respaldo, em busca de financiamentos e crédito para investirmos em Cuiabá. Achar que Cuiabá irá resolver, sozinha, seus problemas, com a arrecadação que tem, é pura bobagem.
MidiaNews – O senhor citou o exemplo de Wilson Santos, que foi reeleito prefeito mas deixou o cargo para disputar o Governo do Estado. O senhor acha que Cuiabá corre esse risco agora, nessas eleições?
Dorileo – Sim. O que tem ocorrido, até agora, é que todos os que entraram na Prefeitura, no primeiro dia de governo, começaram a fazer composições políticas para escolher secretários, já fazendo negociações visando à disputa do Governo do Estado. É aí que a cidade paga a conta. Tem que dar um basta nisso. Esse tipo de político usa a prefeitura como trampolim, como escadinha para seus interesses pessoais. Isso é que tem ocorrido até agora. Não sei se o Mauro Mendes tem essa pretensão. Mas é um risco. A imprensa até publicou, recentemente, uma declaração do senador Pedro Taques dizendo que não apóia “candidato trampolim”, que quer se eleger prefeito já pensando em ser governador. No dia seguinte, como se a crítica fosse diretamente para ele, Mauro Mendes respondeu, dizendo que também não apoia senador que, no meio do mandato, quer ser governador. Então, não sou eu quem estou dizendo. Mas tenho muita preocupação com isso, por que foi aí que o Wilson largou a herança para nós. Em vez de cumprir com o mandato, não, ele largou tudo e nos deixou o Chico Galindo.
MidiaNews –O senhor disse que tem participado de reuniões e mantido um contato direto com a população nos bairros. Quais suas primeiras impressões?
Dorileo - Tenho sido tão bem recebido que fico até surpreso. Ocorre o seguinte: eu não sou uma pessoa conhecida de todos em Cuiabá. Mas meu nome é muito conhecido, porque ele é muito associado ao Grupo Gazeta de Comunicação. As pessoas perguntam: “você que é o Dorileo da Gazeta? Já ouvi falar de você”. Essa associação se dá em função dos projetos que a Gazeta tem desenvolvido ao longo dos seus 22 anos. Tenho dito sempre que não cai aqui de “paraquedas”. Criei uma identidade com Cuiabá e tenho um cartão de apresentação, que se chama Grupo Gazeta. Porque nosso grupo, mesmo sendo privado, que visa lucros, nunca deixou de ter visão social. Quando eu vou para os bairros, as pessoas sabem do “Viva Seu Bairro”, que há 22 anos leva lazer, cultura e diversão, que revela talentos, mas que também faz um diagnóstico da situação local, denunciado os problemas dos bairros. Quando vou aos miniestádios, todos sabem do apoio do Grupo Gazeta ao esporte amador. Na realização da Copa Gazeta de Master, na nossa inserção no segmento esportivo, que é muito importante. Se eu vou conversar com pessoas da área cultural, todos sabem do nosso apoio ao segmento. Então, o Grupo Gazeta tem uma identidade muito forte com Cuiabá. Sem falar que sempre estivemos ao lado das pessoas mais humildes, daquelas que são abandonadas pelo Poder Público. Quando falta atendimento no Pronto Socorro, quando estoura um cano no bairro, as pessoas chamam a Gazeta. Essa é uma marca que existe, que foi criada ao longo de 22 anos. E um detalhe importante: nós nunca prevaricamos. Sempre estivemos ao lado e atuamos enfaticamente em defesa destas pessoas, desassistidas pelo Poder Público. Quando falta segurança, as pessoas chamam a Gazeta. Eu acho que isso tem me dado a credencial necessária para eu me apresentar às pessoas. Então, tenho sido muito bem recebido em todos os lugares em que vou. Se isso vai se traduzir em apoio, em voto, só o tempo irá dizer, mas sinto que essa atuação social forte do Grupo Gazeta me facilitará muito o caminho.
Colaborou Alexandre Aprá
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