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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ideia do VLT é boa, mas falta projeto, avaliam profissionais do Crea

A inexistência de vias alternativas de integração entre o VLT e os ônibus e a contratação do VLT sem um projeto executivo foram alguns dos pontos questionados por representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT) e de entidades de classe do sistema tecnológico durante a apresentação do anteprojeto do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), na manhã de hoje, no Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
 
Apesar de ter sido considerado preciso e ter desenho refinado, de acordo com o assessor especial da Secopa, Rafael Detoni - que apresentou detalhadamente o anteprojeto-, muitos questionamentos foram feitos, relacionados a implantação do novo modal de transporte, mobilidade urbana em Cuiabá e Várzea Grande, além de aspectos técnicos relacionados à travessia de pedestres entre as estações. O edital de licitação do VLT nos moldes do Regime Diferenciado de Contratação (RDC) será divulgado amanhã, 17.
 
De acordo com o Detoni, a implantação do VLT tem como objetivo induzir a migração do transporte individual para o coletivo e melhorar os padrões de deslocamento urbano na capital e em Várzea Grande. "A escolha do traçado do VLT priorizou as áreas onde estão concentradas as maiores demandas por este modal", disse, se referindo a capacidade média do VLT, que poderá transportar ao menos 150 mil pessoas por dia.
 
O VLT circulará em um trecho total de 22 km entre Cuiabá e Várzea, em duas rotas: uma delas tem início na região do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande e termina no encontro do CPA com a região da Morada da Serra. Neste trajeto serão construídos dois viadutos, três trincheiras e uma ponte sobre o Rio Cuiabá, além de 22 estações para embarque e desembarque dos passageiros, com distância média entre elas de 500 metros. O outro trecho tem ínicio no centro da capital e termina no Coxipó. Nesta rota, o VLT percorrerá sete quilômetros e terá onze estações, e serão construídas duas pontes sobre o Rio Cóxipo, além de três viadutos.
 
Questionado pelo coordenador de Acessibilidade do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), Givaldo Dias Campos, sobre a travessia dos pedestres em trechos onde não há calçadas e ainda sobre o tráfego em torno das estações do VLT, Detoni esclareceu a necessidade de construção e alargamento de calçada em alguns pontos da cidade e disse que as adequações serão feitas de acordo com as normas de acessibilidade ao longo do trajeto do VLT.
 
Para Givaldo, as áreas do contorno também deveriam ser contempladas, "já que a Prefeitura é inoperante quando se fala em trânsito e via pública, e os veículos são considerados prioridade, ao contrário do que prevê a legislação brasileira. Outro ponto que merece destaque é falta de integração entre o VLT e os ônibus em vias alternativas e não somente nos terminais."
 
Givaldo questionou ainda a tarifa que será aplicada após a conclusão do VLT. "O governo tem que oferecer a desoneração das tarifas atráves da isenção de impostos e taxas que incidem sobre os insumos, inclusive energia elétrica, que é a matriz do VLT", afirmou. Em resposta, Detoni explicou que o valor da tarifa e a operacionalização do trem não são de responsabilidade da Secopa, que deverá apenas implantar o trem elétrico nas duas cidades. "O preço da tarifa não deve onerar o consumidor porque haverá uma participação do governo estadual para tornar o preço acessível", disse.
 
Projeto Executivo, RDC, Sistemas de Abastecimento de Água, Esgoto - O engenheiro civil Archimedes Pereira Lima Neto também esteve presente na audiência pública, representando a Associação Brasileira dos Engenheiros Civis, seção Mato Grosso (ABenc-MT), e demonstrou preocupação quanto a contratação da obra sem o projeto executivo, como prevê o Regime Diferenciado de Contratação (RDC). "A boa prática recomenda a apresentação do projeto executivo no momento da licitação e não de um anteprojeto. Não é possível discutir um anteprojeto, e a sociedade vai pagar sem saber o que está levando", disse.
 
As intervenções no sistema de abastecimento de água e esgoto da região central da cidade foi questionada por Jesse Rodrigues, presidente da Associação dos Engenheiros Sanitaristas e Ambientais de Mato Grosso (Aesa-MT). Os engenheiros Edno Duarte e Pedro Assunção também fizeram questionamentos sobre as linhas de transporte público que deverão alimentar e se conectar com o VLT. De acordo com Duarte, o centro de Cuiabá ficou à margem do projeto. "É preciso contemplar todo o sistema de mobilidade e não ficar preocupado só com o traçado do VLT, que não contempla a área central da cidade."
 
Durante a tarde representantes do Crea-MT e de entidades de classe do sistema tecnológico também participaram da audiência pública realizada na Câmara de Vereadores, em Várzea Grande. (Com assessoria)

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