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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Site de mais acesso em Várzea Grande e Cuiabá MT:Policia:Alvos de operação policial, usuários de crack expõem desejo de tratamento

São Paulo – Logo após outra intervenção policial nas imediações da área de consumo de crack na região da Luz, no centro de São Paulo, por volta das 11h da última sexta-feira (13), cinco viaturas da Força Tática dobraram, em alta velocidade, a esquina entre a alameda Glete e a rua Barão de Piracicaba. Como se atendessem a alguma ocorrência específica e de peso, seguiam carros da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) acompanhadas até de helicópteros. O quarteirão era o escolhido do dia para a Operação Sufoco (ou Centro Legal), iniciada no dia 3 deste mês pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Metropolitana. O público-alvo assistia à ação deitado nas calçadas e ensaiava alguma forma de se esquivar.
"Quero ver me tirar daqui", dizia um dos dependentes de crack que se encaminhava à rua Helvétia, considerada um ponto forte no consumo da droga. Alguns procuravam a reportagem da Rede Brasil Atual para reclamar de eventuais agressões pela Polícia Militar naquela manhã. Uma mulher, bastante alterada, se protegia com uma camisa manchada de sangue. "Não tenho culpa de ser dependente", balbuciou outra usuária que, apesar do sol do meio-dia, vestia blusa de frio.
Em contraste com o restante do cenário, um homem sentado numa calçada tinha sua barba feita, sem pressa, por um missionário franciscano, em frente ao galpão da “Cristolândia”, local de orientação religiosa, instalado na região. Lúcido, Evandro O., de 37 anos, reclamou das ações policiais. “Eles disseram que iam metralhar a gente (se não saíssemos da região). E vivemos agora com medo. Agora não, desde sempre. Nem piscamos mais”, contou. Evandro afirmou perambular pela região há mais de dez anos e relatou um dos episódios de “esconde-esconde” na operação. “Esses dias a gente estava na rua Guaianases, e logo a galera toda fugiu para a (avenida) Ipiranga. É assim, eles chegam e a gente corre.”
Apesar de estar próximo aos missionários e sentir mais segurança, Evandro revelou que o que mais quer é “se tratar”. “A Prefeitura até que dá opção, mas é para dar remédio. Tipo manicômio. Não quero isso, quero é me tratar, ficar de cara limpa”, disse. 
O Complexo Prates, um galpão localizado no bairro do Bom Retiro, deve ser inaugurado ainda incompleto pela Prefeitura em fevereiro. O objetivo é abrigar os usuários neste local, com capacidade para 1,2 mil pessoas. Segundo recente levantamento da Polícia Civil, cerca de 2.000 pessoas moram na chamada cracolândia. As unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) com funcionamento 24 horas e de Centro de Atenção Psicossocial (Caps) ainda não têm data para inauguração.
Sobrevoando cada vez mais baixo, o helicóptero da PM chamava a atenção não só dos usuários do entorno - que às vezes arremessavam objetos ao céu -, como também dos transeuntes, moradores da região ou a caminho do trabalho, e de comerciantes. O proprietário de um pequeno hotel do bairro preferiu não se identificar. No entanto, quis compartilhar a sua experiência como espectador da operação. “A polícia está ferindo o direito de ir e vir dessas pessoas”, ressaltou.
Eu acho que eles (o governador do Estado, Geraldo Alckmin e o prefeito da cidade, Gilberto Kassab) deveriam ter esperado a Dilma chegar, e fazer a coisa mais certa, unir os poderes. Mas não, quiseram atropelar e deu no que deu”, referindo-se ao plano do governo federal, anunciado no ano passado, que prevê o enfrentamento ao crack com ênfase no tratamento especializado e direcionado, com a participação das esferas municipais, estaduais e federal, em ações conjuntas. Autoridades cogitam a hipótese de a operação policial ostensiva ter como motivo a vinda das medidas da presidenta Dilma Rousseff a São Paulo, previstas para a partir de março.

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