A Associação de Solidariedade e Ação Social de Santo Tirso (ASAS) organiza, hoje e amanhã, o IV Encontro sobre Maus-tratos, Negligência e Risco na Infância e Adolescência, a decorrer no Fórum da Maia.
No debate vão participar, além de investigadores académicos nacionais e estrangeiros, os procuradores-adjuntos Maia Neto e Rui do Carmo, e o coordenador da equipa de crimes sexuais contra menores da Polícia Judiciária do Porto, Gil Carvalho.
O risco da violência interparental para as crianças é um dos temas em análise, investigação levada a cabo pela docente da Universidade do Minho Telma Almeida.
A investigadora concretizou um estudo com 123 crianças em idade escolar expostas a violência interparental e 765 sem história de agressões entre os pais.
Exposição a maus-tratos causa medo anormal
Segundo Telma Almeida, os menores sujeitos no dia a dia a um cenário de violência interparental tendem a revelar "aumento de ansiedade, dores somáticas, pensamentos errados, um medo anormal e sentimentos de culta face aos episódios de conflito".
Na esmagadora maioria dos casos, os menores que assistem a agressões físicas, verbais, emocionais/psicológicas entre os pais acabam por apresentar "problemas que indicam a necessidade de intervenção psicológica".
No primeiro trimestre do ano em curso, a GNR e PSP receberam cerca de 14.500 queixas de violência doméstica, sensivelmente metade do total de denúncias (31.000) verificadas em 2010, ano em que morreram 42 mulheres vítimas de maus-tratos.
Redes socais, crimes de novo tipo
Amanhã, será a vez do procurador geral-adjunto Maia Neto discutir a problemática do abuso sexual, rapto, subtração e desaparecimento de menores, novos crimes por vezes associados às redes sociais.
A intervenção de Gil Carvalho terá por tema central o papel da Judiciária na investigação à criminalidade sexual, enquanto o procurador distrital de Coimbra e membro do Observatório Permanente da Adopção, Rui do Carmo, irá defender "a urgência de uma intervenção diferente da justiça" nos abusos sexuais.
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