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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Acusados de chacina em Matupá vão a júri popular e Silval é testemunha

Acusados de chacina em Matupá vão a júri popular e Silval é testemunha
Os quatro acusados de participarem da Chacina de Matupá (720 km de Cuiabá) sentarão ao banco de réus no dia 4 de outubro e vão a julgamento por um dos crimes mais bárbaros já ocorridos em Mato Grosso, com repercussão internacional, sendo noticiada até mesmo pela CNN. Entre as testemunhas de defesa, o governador Silval Barbosa (PMDB) é um dos convocados pela justiça para comparecer ao Fórum da cidade. O julgamento está marcado para começar às 8h. Serão julgados Vademir Pereira Bueno, Alcindo Mayer, Arlindo Capitani e Santo Caioni.

O crime ocorreu há 21 anos e chocou a população local. Apesar do tempo, a chacina é lembrada pela maioria das pessoas que presenciou o assassinato de três assaltantes, queimados ainda vivos após invadirem uma residência e fazerem uma família refém.


De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual (MPE), o crime ocorreu no dia 23 de novembro de 1990, após uma tentativa de roubo frustrada. Os assaltantes Osvaldo José Bachmann e os irmãos Arci e Ivanir Garcia dos Santos invadiram uma casa no município e permaneceram por mais de quinze horas no interior da residência com a família. Apesar da promessa da polícia de que nada ocorreria com os assaltantes, eles foram linchados pela população, que atearam fogo neles ainda vivos.


“A escolta policial, que tinha o dever de assegurar a integridade dos presos, não conseguiu impedir que estes fossem entregues à população que, com requintes de crueldade, efetuou disparos de arma de fogo, desferiu pauladas e chutes, e posteriormente, ateou fogo sobre as vítimas que ainda estavam vivas”, ressaltou a promotora de Justiça que atua no caso, Daniele Crema da Rocha, por meio da assessoria.


Repercussão


As cenas da execução das vítimas, filmadas por um cinegrafista amador, foram amplamente divulgadas, inclusive por veículos internacionais. Por meio dessas imagens, foi possível, durante o inquérito policial, identificar 18 autores dos crimes.


Consta do processo que, “na época dos fatos, a revista Veja (1991, p.77) noticiou que 'depois de duas semanas de guerra no Golfo Pérsico, a CNN ainda não exibiu nenhuma cena de barbárie igual à registrada por um cinegrafista amador da cidade de Matupá. Três assaltantes rendidos e algemados foram massacrados pela multidão - que, entre gritos e aplausos, jogou gasolina nos assaltantes e queimou-os até a morte".


Na ocasião, houve até mesmo um pedido de intervenção federal no Estado de Mato Grosso feito pelo procurador da República Aristides Junqueira. “Tais fatos repercutiram negativamente sobre a cidade e sua população até hoje traz o estigma de ter sediado um dos crimes mais graves do país, sendo a decisão dos jurados essencial para que esta imagem negativa seja revertida”, ressaltou a promotora de Justiça. Os outros 14 acusados serão julgados nos dias 10, 17 e 24 de outubro.

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