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quinta-feira, 29 de março de 2012

Cuiabá:Politica:Cuiabá:Deucimar Silva (PP) :CPI da Câmara acaba, mas não acha culpados por rombo

Válidos Miranda, servidor da Prefeitura, se enrola e é desmentido durante oitivas na CPI do Deucimar
ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO MIDIA NEWS
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o superfaturamento de R$ 1,1 milhão em obras na Câmara Municipal de Cuiabá, em 2009, chegou ao fim de suas oitivas, no começo da noite desta quinta-feira (29) . Ao longo dos trabalhos, todos os sete depoentes se contradisseram e o presidente da comissão, Edivá Alves (PSD), concluiu que nenhuma versão se encaixou. O relatório final ficará pronto até o dia 21 de abril.

“Eles (depoentes) não falaram a mesma coisa. Todos entraram em contradição e o Deucimar [Silva, que autorizou e pagou as obras] é responsável pelas ações, enquanto ex-presidente do Legislativo. Agora, vamos finalizar o relatório e entregá-lo à Mesa Diretora e, se necessário, encaminhá-lo à Justiça”, explicou o vereador.

O presidente da Comissão de Licitação da Secretaria Municipal de Fazenda, Válidos Augusto Miranda, declarou, na oitiva, no começo da tarde, que recebeu um convite da secretária financeira do Legislativo, Circe da Guia Medeiros Couto, para que fizesse a minuta do edital. 

Eles são amigos e ex-colegas de trabalho. Atuaram juntos na Prefeitura de Cuiabá por três anos (de 2005 a 2007). Válidos explicou que o convite foi necessário, já que a presidente da Comissão de Licitação da Casa, Izanete Gomes da Silva, não teria qualificação para montar o edital sozinha. 

Ele disse que toda minuta foi retirada de o modelo usado na licitação da reforma do Pronto-Socorro da Capital e que o serviço foi realizado em sua residência, num sábado pela manhã, com ajuda de Sinara Marcondes Moura, que é ex-coordenadora de licitação, contratos e compras da Câmara. Após isso, Válidos disse que entregou o arquivo em um DVD para ela e só voltou a participar da licitação no dia do pregão.

“Perguntei a Circe o valor do orçamento, prazos para entrega e demais assuntos pertinentes que deveriam constar no edital. Não tive contato nenhum com a Izanete e, na véspera da licitação, a Sinara pediu para eu participar como ouvinte da abertura dos envelopes. Como digito rápido, redigi a ata de acordo com um modelo da prefeitura”, declarou Válidos. na oitiva.

"Sem culpados"

Contudo, em depoimento realizado meia hora depois, Circe declarou que, em nenhum momento, participou de qualquer ato referente à licitação. Disse ainda que não coagiu ninguém a nada e que tanto Izanete (que afirmou ter aceitado o cargo por pressão de Circe) quanto Válidos fizeram o que acharam melhor. 

“Eu não pedi nada para ninguém. Vocês estão fazendo com que eu me sinta uma maquiavélica, mas apenas paguei o que foi autorizado pelo presidente. Todos os papéis estavam assinados e o projeto e planilha estavam corretos”, disse Circe. Com essa fala, ela desmentiu quatro pessoas.

O engenheiro Carlos Anselmo disse que só assinou depois de quatro meses e que não leu nada e nem confeccionou qualquer documento. Deucimar disse que só pagou porque o financeiro havia sinalizado positivamente. Izanete disse que não fez nada e que também nem leu o edital. Válidos disse que só copiou modelos usados e que só quis ajudar. Circe disse que só pagou o que mandaram e que tudo estava assinado pelo engenheiro.

A intimada Sinara não compareceu. Ele foi representada pelo advogado Gabriel Albanete, que levou atestados médicos, que comprovariam a impossibilidade física de sua cliente comparecer. Ela estaria passando por uma gravidez de risco e o representante propôs que seu depoimento pudesse ser prestado por escrito.

Agora, a comissão estuda se aceitará a proposta de Sinara e vai buscar meio jurídicos para fazer com que o empresário Alexandre Lopes Simplício, proprietário da Alos Construtora, contratada para fazer as obras, a prestar mais esclarecimentos sobre a reforma.

Suposta manobra
Informações de bastidores dão conta de que Deucimar já estaria acertando os ponteiros com a cúpula do Partido Progressista (PP) para que ele assuma a vaga do deputado estadual Airton Português (que já se afastou do cargo). Com isso, ele estaria tentando fugir da cassação de seu mandato e garantir a possibilidade de responder em foro privilegiado. 

Na manhã desta quinta-feira, ele e o vereador Éverton Pop (PSD) se estranharam na sala do presidente da Câmara, Júlio Pinheiro (PTB). Pop teria insinuado que Deucimar estaria mesmo envolvido no esquema que onerou os cofres públicos e que o fato de a empresa não comparecer na oitiva indicaria que "algo estava errado".

Deucimar, segundo fontes, precisou ser contido por outros colegas vereadores. Ele teria colocado dedo na cara de Pop, aos berros. Apesar de niguém admitir publicamente o "barraco", Júlio disse que houve mesmo "uma confusão". 

Estranhamente, Deucimar nem apareceu no último dia de oitiva. Até então, ele tinha acompanhado todos os depoimentos.

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