NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO
A Polícia Militar de Mato Grosso suspendeu um curso de treinamento para a Força Tática após denúncias de humilhações sofridas pelos participantes. O alerta veio da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Estado.DE SÃO PAULO
O curso, que começou há cerca de duas semanas, ocorria na base comunitária do Parque do Lago, em Várzea Grande (MT), cidade vizinha a Cuiabá.
Segundo a comissão, os recrutas eram posicionados em fila e obrigados a mastigar pedaços de carne, passando-os para os que estavam atrás deles. O último da fila tinha de engolir o alimento.
Durante o treinamento, os participantes também ficavam em uma sala fechada, onde eram expostos a gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Eles também sofriam agressões verbais.
A denúncia foi encaminhada por pais dos participantes.
Essa não é a primeira vez que ocorrem problemas em treinamentos no Estado.
Em 2010, um soldado da Força Nacional de Segurança morreu afogado em um curso em Lago do Manso. A suspeita é que ele tenha sido submetido a sessões de tortura. Doze anos antes, outros dois soldados morreram durante um curso de policiamento em Cáceres.
"A tentativa é ver até onde vai a resistência em situações de estresse. Mas isso não justifica essa atitude", afirma a presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB, Betsey Miranda.
"Quem aprende batendo vai exercer as coisas de que maneira? Batendo, é claro. Eles iriam prestar um mau serviço à sociedade", afirma.
'PEDE PRA SAIR'
Ao todo, 50 policiais militares se inscreveram para participar do treinamento para ingressar na Força Tática. Desses, 16 desistiram ao longo do curso, segundo a Polícia Militar. A corporação diz que as desistências estão dentro do padrão esperado.
Em nota, a PM afirma que vai investigar a ocorrência de supostos abusos durante o treinamento. A polícia diz que todas as atividades são gravadas e conduzidas por "instrutores especialistas e devidamente preparados" e que os militares inscritos recebem "capacitação dentro das doutrinas operacionais".
De acordo com a PM, o treinamento tinha como objetivo capacitar os oficiais para combate ao tráfico de drogas e de quadrilhas. Não há estimativa de quando o curso será retomado.
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