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sábado, 17 de março de 2012

Câmara de Cuiabá corre risco de incêndio, revela relatório do Crea


Da Redação
Após a encomenda de três mil metros de fio e gasto de quase R$ 4 milhões na ‘reforma geral’ da Câmara Municipal de Cuiabá, o prédio corre o risco de incêndio e uma das caixas de passagem elétrica já pegou fogo, mas foi controlado. Várias tomadas não funcionam e já apresentaram problemas de superaquecimento e sobrecarga devido às instalações irregulares. Os problemas foram detectados durante a vistoria do Instituto Brasileiro de Avaliações Periciais de Engenharia (Ibape), que reúne peritos das diversas áreas da engenharia.
Apesar do risco do incêndio, os técnicos garantem que não há risco de desabamentos. Mesmo assim, são necessárias realização de algumas medidas para evitar que os problemas se agravem e comprometam a estrutura do prédio.
O presidente do Ibape, José Francisco Barbosa Ortiz, afirmou que foi possível verificar também que o orçamento feito pela Secretaria Municipal de Habitação, responsável pela licitação, não contemplava a obra.
“O projeto já começou errado porque, ao se falar em reforma geral, você já pensa que será reformado todo o prédio, só que parte do telhado ainda tem telhas velhas, várias partes da cobertura não foram feitas. O telhado tem vazamento e a obra apresenta patologias [problemas]”, declarou Ortiz.
A entidade foi acionada pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea/MT) para realizar a elaboração do laudo pericial extrajudicial e foi analisado o orçamento feito pela prefeitura e a qualidade da obra. O grupo detectou diversas irregularidades como nas paredes, forros e banheiros, onde houve o superfaturamento dos vasos sanitários e assentos.
O engenheiro Arquimedes Pereira Lima Neto, diretor da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc), que também acompanhou a vistoria, ressaltou ainda que os preços analisados são comparados com os valores de mercado deste ano, ou seja, já sofreram reajustes. Para ter uma ideia da disparidade, o assento do vaso sanitário, que custa em média R$ 9,90 cada, saiu por R$ R$ 228,80.
Conforme o relatório, o valor do assento de plástico é superior ao valor do vaso sanitário de louça, já superfaturado. A Câmara pagou R$ 220,20 por cada um dos ladrilhos, enquanto o preço atual é de R$ 77,99. Além do sobrepreço, o Ibape constatou que foram utilizados materiais de péssima qualidade e alguns dos serviços previstos sequer foram executados.
Ortiz destaca ainda que, pelo investimento feito na obra, de R$ 3,8 milhões, entregue há apenas um ano, não deveria apresentar rachaduras, infiltrações e outros problemas detectados durante a vistoria. Na perícia, três questões principais foram encontradas: inconsistências da planilha orçamentária realizada pela Secretaria de Habitação, erros na execução com a troca de qualidade de produtos especificados e a não realização de serviços previstos no projeto, elaborado pelo engenheiro Carlos Anselmo de Oliveira, que também ficou responsável pelo acompanhamento da obra. A execução ficou a cargo do arquiteto Alexandre Lopes Simplício, responsável técnico da empresa Alos Construtora Ltda., vencedora da licitação.
O relatório já foi entregue à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura o superfaturamento da obra e deverá ser encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), Ministério Público e à Comissão de Ética do Crea.

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