Política não é coisa para amador e muito menos para santo. Mas, ao longo do tempo, religiosos de todas as denominações vêm ganhando espaço no cenário eleitoral. Bons oradores e líderes carismáticos, eles costumam conduzir seus “rebanhos” com astúcia e oportunismo.
Assistencialistas e muito populares nas faixas mais pobres da comunidade, padres, pastores e místicos em geral são cortejados pelos partidos políticos nos períodos eleitorais. Quanto mais influência eles possuem em suas igrejas, mais chances têm de galgar posições relevantes na estrutura pública.
Um exemplo cristalino desta combinação é o Pastor Washington Barbosa, vereador eleito para a Câmara de Cuiabá pelo minúsculo PRB. O religioso chegou à capital mato-grossense com a missão de fiscalizar as contas da sede local da Igreja Universal do Reino de Deus, mantida pelo bispo Edir Macedo. Gostou da cidade, foi ficando… Ficando… E, sete meses depois de sua chegada resolveu candidatar-se ao legislativo municipal.
Sem referências políticas ou aliados, apenas com a força dos fiéis da Universal foi conduzido ao cargo. Uma vitória heróica.
Para ele, obra de Deus. Washington não precisou de padrinhos, acordos ou gastos exorbitantes.
Marcos Raimundo
Elegeu-se apenas munido de sua fé. Tanto que, antes do pleito, todas as noites, após o culto, ele circundava o prédio da Câmara em oração. Ao terminar a reza, o pastor ajoelhava-se diante da entrada do Palácio Filinto Muller e fazia sua última reflexão.
Até o dia em que o vigilante noturno que guardava a entrada do legislativo, intrigado com a cena que se repetia cotidianamente, resolveu abordar aquele homem. O religioso identificou-se e profetizou:
- Daqui algum tempo eu estarei aí dentro como vereador!
Incrédulo, o guarda mandou-o cair fora, sumir do local. Mas o pastor não desistiu de sua penitência diária e prosseguiu com sua procissão solitária. Nas eleições, o resultado apareceu. Washington Barbosa sagrou-se vereador.
Em política, como na vida, mais vale confiar nas promessas divinas do que na descrença dos homens.
(*) PAULO LEITE é escritor, jornalista e publicitário
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