Um adolescente de 15 anos foi estrangulado e perfurado com 48 golpes de chuço, dentro do
Divulgação
O Complexo do Pomeri, em Cuiabá: em vez de recuperar, local é marcado por mortes, fugas e torturas
KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
O Complexo Pomeri, no bairro Carumbé, em Cuiabá, que abriga menores envolvidos em todos os tipos de crimes, tem sido alvo constante das manchetes policiais e mais uma preocupação para a população.
São tentativas de fugas, fugas, brigas, assassinatos e até acusações de torturas, principalmente entre os próprios menores infratores. Agentes educadores foram denunciados por tortura. As brigas têm diversos focos; o principal é a disputa de poder, mais espaço entre gangues, além das frequentes tentativas de fuga.
Nesse contexto, quatro menores infratores estão foragidos do complexo. A última fuga foi registrada na terça-feira (6), um dia após a morte de Maksuel Elias da Almeida, 17, assassinado por estrangulamento e com 48 golpes de "chuço" por um colega de cela de 15 anos de idade, que já cumpre pena por homicídio.
Os adolescentes infratores teriam se aproveitado da confusão para fugir. Os detentos quebraram a parede da ala de triagem e pularam o muro. Na ocasião, um menor conseguiu escapar e outros três foram recapturados por agentes, logo após a fuga, na Avenida dos Trabalhadores, via que dá acesso ao próprio Pomeri.
Em 17 de agosto, outros quatro menores conseguiram pular o muro, usando uma corda artesanal feita com lençóis. Desses, apenas um foi recapturado, os outros três continuam foragidos e são procurados pela Polícia Militar.
As constantes fugas e o assassinato do menor Maksuel de Almeida, na unidade sócio-educativa, culminam com o clima de insegurança dentro da instituição, que, recentemente, foi alvo de críticas e denúncias do Fórum dos Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso.
Segundo a entidade, menores estariam sendo torturados dentro do complexo. As sessões de tortura, segundo denúncia, aconteceriam no período da noite, por parte dos agentes educadores.
Mortes
Em 2010, dois garotos de 15 anos foram queimados dentro de uma cela, e um morreu dois dias depois, no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá.
Houve tentativa de fuga, mas agentes prisionais do Pomeri evitaram a ação dos menores. A confusão foi liderada por três rapazes que estavam internados, mas que já havia completado a maioridade e continuam no complexo.
A morte de Maksuel Elias da Almeida, na semana passada, foi por motivo torpe e com emprego de violência extrema. Macksuel teria chamado seu algoz de "estuprador" e, por isso, foi estrangulado e teve o corpo perfurado por 48 golpes de chuço.
Motim
No dia 31 de março deste ano, menores iniciaram um motim dentro do Complexo Pomeri. Policiais militares tiveram que intervir, com uso de armas ant-motim, para conter o princípio de rebelião.
Na ação, cinco pessoas ficaram feridas, foram apreendidas 26 armas artesanais (chuços). Além disso, parte das celas foi destruída pelos menores.
Um menor de 15 anos de idade, vindo de Juruena (880 km a Noroeste de Cuiabá), foi apontado como líder da rebelião e responsável por arrebentar 4 cadeados e abrir as celas, libertando os outros infratores.
Agentes denunciam
No final do mês de agosto, agentes orientadores denunciaram ao MidiaNews a falta de estrutura nas condições de trabalhos. Segundo a fonte, esses seriam os principais motivos da falta de ordem dentro do Complexo.
As denúncias são sobre a falta de cadeados, iluminação externa e lanternas. Outro problema seria o lixo, que estava se amontoando por todo o Complexo.
Sobre as denúncias dos servidores, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Direitos Humanos (Sejudh) respondeu que as falhas estão sendo sanadas.
Segundo a assessoria, toda a iluminação de postes e refletores da muralha já foi orçada, inclusive, com aquisição de equipamentos novos para substituir os antigos, que vinham apresentando problemas. A previsão é que, no máximo, em 20 dias, sejam iniciados os serviços de instalação.
A Sejudh informou, ainda, que estão disponíveis lanternas de menor porte com os agentes orientadores e uma de grande alcance com o líder da equipe de plantão.
Há cadeados em todos os alojamentos com adolescentes. Visando reforçar a segurança do local os cadeados antigos foram substituídos recentemente por cadeados novos de qualidade superior e segurança certificada, os quais já foram distribuídos pelo gerente da unidade.
Em relação à coleta do lixo, a direção da unidade já tomou as providências cabíveis e o recolhimento segue de forma satisfatória, segundo assessoria.
Sobre o possível clima de insegurança na unidade socioeducativa de Cuiabá, a secretaria diz que "segue dentro normalidade", apesar da consternação pela morte do adolescente.
A assessoria informou ainda que o autor do homicídio, imediatamente ao crime, foi separado dos demais adolescentes, para a preservação de sua integridade física. Atualmente, o menor encontra-se à disposição dos delegados que conduzem as investigações.
O Pomeri
O Centro Sócioeducativo de Cuiabá é um estabelecimento de recuperação de adolescentes infratores de 12 a 18 anos.
A capacidade e para 110 adolescentes (masculino/feminino) e, no momento, conta com 93 internos na ala masculina, 49 na ala provisória e cinco meninas na ala feminina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário